Ser.
(Livro do Desassossego, Fernando Pessoa. Fotografia: Sara Barbosa Machado)
Ser. Afinal o que nos torna especiais e notáveis? O que nos enaltece socialmente e nos distingue dos "comuns"? Assunto sério, este.
Não há segredos na magia senão o sermos nós mesmos, e, de facto, os rumos dos loucos só são exemplares porque existe a ousadia para saltar da caixa.
Vivemos na expetativa de ser reconhecidos, quer pelos nossos feitos, quer pelo nosso percurso. No fundo, a dificuldade em obter a aprovação é o que nos desgasta: não existe receita para o sucesso que não o lutar por ele.
O medo da repreensão esmaga-nos à medida que deixarmos, e só somos efetivamente livres quando nos libertamos dos olhares focados no ideal da perfeição. A evolução veio provar que a imperfeição é mutável e igualmente agradável aos olhos de que é capaz de ultrapassar a barreira da visão do suposto.
No meio de milhões, nem todos temos de ser especiais: facto. No meio desses milhões existem os que vão, os que ficam, os que passam, os que nos enaltecem, mas todos nos melhoram. É aqui que vive a magia: na perfeição que procuramos nos legados que nos inspiram.